Tenho um papel em branco.
Posso mudar o mundo com o poder da palavra!
Ou melhor, vou escrever uma poesia!
Vou ter uma grande idéia,
Não posso ser incomodado.
Preciso de um assunto envolvente,
Um que ninguém tenha mencionado.
...
Impossível.
Posso mostrar meu ponto de vista
Sobre qualquer conflito.
...
Talvez não agrade,
Afinal quem sou eu para o mundo?
Um jovem cheio de idéias
E inseguro que busca uma afirmação.
Mas mesmo assim
Escreverei com talento uma poesia
E preencherei meu papel.
O tempo está passando.
Não pára.
Papel continua em branco.
Quem sabe se eu escrevesse
Uma crítica social, ou alguma solução
Para algum problema crônico da população.
Eu dormiria tranqüilo,
Já teria feito a feito a minha parte para ajudar o país
...
E seria igual aos intelectuais hipócritas
Que só falam e nunca fazem.
E se eu narrasse uma história em verso,
Uma história de amor impossível?
...
Caímos no lugar comum da poesia,
O amor e a busca por ele.
Meu coração palpita.
Nenhuma dessas idéias agradam.
Essas instigantes idéias não
Acalentarão os sonhos de ninguém.
Eu torno a olhar o meu papel,
Que continua em branco.
Como preencherei meu papel?
Papel em branco.
A poesia não surge.
A agonia surge.
A sede também surge.
A magnitude do verso não surge.
Mas não me apresso sei ela surgirá.
Deve haver de milhões de papéis em branco,
Que precisam ser preenchidos.
E sempre haverá algo a se acrescentar,
Um papel novo que é feito de novas idéias.
Tudo pode se colocar em um papel.
É só nascer uma inspiração,
Nas mal traçadas linhas com as quais
Preenchi meu papel agora.
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