Dançando Entre Lírios mortos,Livro de poesias de Marcos Antônio Filho(Fábrica de livros,15 Reais)
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domingo, 31 de dezembro de 2006

O rio

O rio só sabe correr pro mar.
Ele não sabe se defender do progresso,
Que injeta esgoto em suas margens.
Não sabe se defender de gente ignorante,
Que joga o seu lixo no mesmo lugar
Onde pegam água para beber.
Hoje a água está imunda,
O rio tem água podre em suas veias
Desde a nascente até desembocar no mar.
Tudo porque não se defende,
Ele só sabe correr pro mar.

O rio só sabe correr pro mar.
Ele não tem culpa, se quando chove
Ele transborda e invade as suas casas,
Atrasa as suas vidas, fazendo-os perder tudo.
Ele só transborda porque o homem
Delimitou o seu espaço para incomodá-lo
O mínimo possível e assim, dar lugar ao progresso.
O rio não é de um tamanho só.
Ao longo do seu caminho, ele se alarga ou se comprime
E ele precisa de liberdade para isso.
É, o rio também afoga,
Mas e os peixes, seus grandes companheiros,
Que foram dizimados do rio
Para saciar a fome do homem?
Essas pessoas se afogam
Porque o rio não sabe parar.
Ele só sabe correr pro mar.

O rio só sabe correr pro mar.
E por causa disso, está morrendo.
E se ele morrer, quem dará
Água potável ao homem?O mar?
É bom o homem aprender
A viver em harmonia com o rio.
Ou então, quando se acabarem os rios,
Todos os seres vivos morrerão,
Inclusive o homem,
O grande culpado do rio
Não ter a liberdade
De fazer o seu último trajeto:
O de correr pro mar.

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