Dançando Entre Lírios mortos,Livro de poesias de Marcos Antônio Filho(Fábrica de livros,15 Reais)
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domingo, 31 de dezembro de 2006

O poeta triste

Hoje o dia está lindo,
Cada detalhe esconde inspiração aos poetas,
Mas há um poeta não está se importando com nada.
Este poeta está muito triste
E só vê um dia nublado e fúnebre
Dentro do seu recinto
Ele mantém as cortinas fechadas
E impede que os raios do sol
Escape pelas frestas.
O sol transmite felicidade,
E isso é tudo que o poeta quer sentir agora.
O poeta quer curtir a dor de sua solidão.
O poeta está arrasado,
Seus olhos estão vermelhos, marejados,
Um rosto abatido
E um coração despedaçado.
Ele está descrente do mundo,
Da sua poesia,
E do amor.
Ele soube o gosto amargo do desprezo
De quem se ama.
Nada o animará nesse momento.
Os papéis na escrivaninha
Continuarão em branco,
A caneta ficará no mesmo lugar
E seu computador permanecerá inerte.
O poeta está entregue ao torpor
Que sua vida se transformou.
Com uma grande nódoa no peito combalido
E mais uma penca de poesias em vão,
Versos inúteis que expressam um amor
Que nunca florescerá
Pois sua musa não ama.
O poeta sente a dor
Que sempre interpretou nas poesias
O poeta tenta chorar, mas não consegue.
Ele se esqueceu que suas lágrimas
São versificadas, seus lamentos vivem em estrofes
E rimas ricas e pobres.
O poeta não quer mais escrever.
Isso o faz lembrar do seu entusiasmo
Ao criar versos de amor eterno,
Agora imortais aos olhos do mundo,
Que são apenas meros versos de amor.
O poeta triste não vê esperanças,
Ele sofre como um condenado a espera da morte.
Sim, para o poeta isso é a morte,
Amar quem não o ama.
Ele vê a solidão como única companheira
Pois acha que é impossível Conquistá-la,
Sua diva que preferiu
Morrer no anonimato
Do que imortalizar seus traços e gestos
Mas doces palavras de um apaixonado poeta.
O poeta agoniza, e se deprime cada vez mais.
Ele foi tão cortês, tão gentil,
Mas de nada adiantou.
Será que o mundo mudou tanto assim,
Poetas não conquistam mais?
Por isso ele não quer se recuperar,
Tem medo de arranjar outro amor
E acontecer a mesma coisa.
O poeta quer vegetar, em um luto
Por seu amor rejeitado.
Ele quer mudar de nome
Para esquecer o fracasso
Que acha que é,
E autoentitular na poesia da sua vida,
Como o poeta triste.

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