Dançando Entre Lírios mortos,Livro de poesias de Marcos Antônio Filho(Fábrica de livros,15 Reais)
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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Musicas que caem aos nossos ouvidos: Espelho


João Nogueira foi um dos grandes compositores que o samba já teve. Nascido no Méier em 12 de novembro de 1941,sempre teve a música a lhe acompanhar. Seu pai era advogado e violonista,considerado um dos grandes mestres do instrumento, e sua irmã Gisa Nogueira,era compositora. Aprendeu violão de ouvido aos 15 e já copunha algumas musicas com a irmã. Em 1958 passou a frequentar o bloco carnavalesco Labareda do Meyer(antiga grafia do nome do bairro) e por ali foi "descoberto".Chegou a ser diretor do bloco e com diversos sambas cantados pelo o bloco. Coube a Airton Silva,frequentador do bloco e filho do saxofonista Moacir Silva, então diretor da gravadora Copacabana, viabilizar sua primeira gravação em 1968. Elizeth Cardoso foi a primeira a gravá-lo em 1970, mesmo ano que ele lançou seu primeiro LP. Em 1971 foram a vez de Clara Nunes e Eliana Pittman gravarem músicas de João, que após vencer um concurso na Portela,sua querida escola,tornou-se integrante da ala de compositores da Portela.Em 1974, lança o LP "E lá vou eu". 1975, o LP " Vem Quem Tem" e 1977, o LP entitulado, "Espelho".

Espelho, mostra toda a simplicidade do compositor ao abordar a sua trajetória.Desde criança com seus desejos de ser aviador, ser jogdor de futebol do Flamengo, time que ele era torcedor doente,até a perda de seu pai,o seu grande ídolo, que o fez por a cara no mundo e como ele mesmo diz, sem perceber já tinha virado adulto. A música ainda fala de seu sucesso como músico e o seu maior medo, explicitado na metafora, "o espelho se quebrar". Ver a sua imagem, a seu talento, a sua reputação como compositor e intérprete se perder.

João Nogueira faleceu em 2000,quando preparava um grande show para revisão de seus grandes sucessos. Tenho a esperança de que ele tenha partido e tenha tido a consiencia que o seu espelho nunca se quebrou e nunca se quebrará,vai se perpetuar entre gerações e gerações...

Espelho- Letra

Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz

Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai (Bis)

Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que ainda hoje faz
E me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás

Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai (Bis)

E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia eu me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
Assim sem perceber eu era adulto já

Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar (Bis)

No vídeo, a musica espelho é cantada com maestria e talento pelo o seu filho Diogo Nogueira,que mostra que fazer música de qualidade foi um dom passado de pai pra filho.



Fontes: http://www.samba-choro.com.br/artistas/joaonogueira
http://www.mpbfm.com.br/artistadomes.asp?id=67
coisas da minha caixola.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Acho que é o unico caso de música hereditária da história.
A letra desta canção maravilhosa serve para o Diogo de forma única.
É como se a vida se repetisse.
Tomara que Diogo seja tão digno quanto foi João.