Quase anjo ao meio-dia

Sou o raio que cai no asfalto
A dor que lhe acomete os joelhos
O brilho instantâneo do seu olhar
Sou quase nada aos sentimentos dos outros
E tudo pra dentro de mim mesmo
Sou o atendente que te incomoda
Com produtos fajutos
Sou a força que te impede de progredir
Sou o medo de enfrentar uma rua escura
Sou tudo que não te mata, mas te fortalece.

Sou o agiota que vende seus bens
Sou o quase anjo que te protege
Mas dorme ao meio-dia
Sou falho
Sou volátil
Sou suscetível a instintos
Mas amo você
É o que importa agora

Das tortuosidades que aparecem na sua vida
Eu sou a maior
E ainda sim, sei que no seu íntimo
Você não vê outra pessoa que possa
Solucionar Seus problemas fadados a não ter solução
Sou a bengala branca pra sua cegueira
Sou a enciclopédia que te torna sábio de tanto ler
Sou a luxuria que te contamina
Sou o amor que te ilumina
No apagão de maldades que te rondam
Nas mãos um revólver, dou um tiro pro alto,
Afasto todos!
Só quero você ao meu lado,
Não sou bom, não sou puro
Não sou anjo, mas quero a paz
Penetrando no chão que você pisa
E o rastro que você deixar, eu acompanharei
Amo-te com todo o cuidado pra não me enganar
Achando que posso te suprir em tudo
E acabar deixando faltar algo a você,
Faltar outras coisas que não vou poder te dar.
Posso orar ao oculto Deus
Que te proteja enquanto eu me mantenho longe
E assim, mantenho um quase anjo
A tentar moldar o meu amor
Ao meu próprio caminho
E sem perceber, ele se transforma
No nosso ápice tão esperado e tão invejado
Por gente mesquinha nos repreende
Mas no fundo, queria ter um amor
Igual ao nosso:
Louco, impreciso e apaixonado,
Sempre atento e inspirado,
Esperando o momento pra ter você
Ao alcance dos olhos de novo.
Enlouqueça e me ame novamente,
Que eu lhe protejo do mal e da loucura de amar em vão.